Há uma força
que invade todos os silêncios
adormecidos
com o láudano da vida.
Sobra a boca
de onde sai o grito
impossível de silenciar
mesmo nas horas mortas
em que as marés se acalmam
e recuam no desvario dos mares.
É então
que os corpos meio dormentes
no misterioso silêncio
se libertam das amarras
e como amantes, debruçam-se
nas vagas crispadas
até perceberem
que afinal
foi no absinto da existência
que no céu
foram ouvidas as suas preces.
Então pergunto:
para quê o sangue escarpado?
para quê o vómito ensanguentado?
Se nem todas as virgens sobem aos céus
e nem todos os homens crêem em Deus.
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