Silenciada
de boca colada
uma voz muda percorre-me
os dedos febris em delírio.
Embriagados pelo absinto
que tomei
desse corpo que me é rei,
sangram sobre o poema
e escrevem-no com a tinta
desse orgão palpitante.
Hoje estou trémula,
alucinada nestas letras
que me correm em rio
oprimido pelas margens
impostas pelas minhas próprias mãos
cegas!
As mesmas que me vendam os olhos
e não me permitem desnudar os versos.
O Poema quer-se nu e livre!
E perdida neste atalho
numa cegueira constante de mim
aperto-te convulsivamente
numa nudez de pura inocência
e guardo-te na mudez
desta nua, e tão minha
(in)existência.