sábado, 31 de março de 2012

No Abismo do Sonho




Lanço-me no abismo do poema,
Como um ladrão de sonhos
Que ousa sem qualquer pudor
Roubar a lua, as estrelas
E todos os astros celestes.
Pinto o céu de todas as cores,
O sol de vermelho vivo de sangue
Que me sai por entre os dedos
Sempre que descrevo calorosas paixões.
Desenho no rosto da lua
O beijo dos eternos amantes, 
Revisto-a das mais belas ilusões,
Moldo-lhe o corpo em silhueta de mulher,
E sem qualquer tipo de pudor
À revelia do astro maior,
Envolvo-os na mais enigmática
E ferverosa história d'Amor.

[Ai,como eles se amam!]


(eu)

sexta-feira, 30 de março de 2012

Um Dia Quando eu Morrer



Um dia quando eu morrer
Não golpeiem nem abram a terra,
Esse chão que os vivos pisam 
Caminhando atrás de sombras
Sedentas de sol e de luar...

Soprem-me ao vento

Lentamente...

Sem medo de me magoar.
De preferência à luz do dia
Para que em gotas de sol
Possa viver eternamente

Nas dobras de todas as flores,

Na paz eterna de todo o amor
No sepulcro suave de todo o ar...

Não vertam lágrimas,
Não colham as flores,
Quero apenas sorrisos!

(eu)

quinta-feira, 29 de março de 2012

Beijos Desfolhados



Pacientemente te aguardo 
Na urgência resguardada 
De um beijo. 
Sempre que acontece, 
Deixas os despojos 
Dos malmequeres desfolhados 
Um a um, 
Folha a folha, 
Em que me quiseste tanto! 
Confessaste redescobrir-me 
Na aurora que me ilumina,
E deixei de ser secreta
Guardando no coração a folha,
[E só essa folha] 
Em que muito me quiseste.

(eu)

domingo, 25 de março de 2012

Palavras que Deixo




Inacreditável forma de vida
Desejo incontido de pintar palavras
Escritas ao inverso da minha razão.
Este é o outrossim da minha existência
O sangue pintado de vermelho vivo
Com que desenho toda a essência 
Deste corpo já sem voz.
Fui e já não sou...
Ou talvez ainda seja antes do ponto final.
Aquele que termina a retórica da vida
Depois de tantas interrogações,
Tantas exclamações...
Com que me esculpo em pedra dura
Esvaziando as veias de toda a substância
Sempre que o coração seca
E me pergunto:
Em que mundo estou eu agora?

(eu)

sábado, 24 de março de 2012

Citereia é o meu Nome





Porque me chamas Citereia
Sempre que a loucura
Te arrasta a meus pés?
Saboreia e escuta-me
Na divindade oculta
Do Poema declamado.
Sim! Sou Afrodite ardente
Que te faz ferver o sangue
No insano e tortuoso desejo
Com que anseias tocar-me.
Ergui-me da espuma das águas
Para que pudesses provar
Do verbo manifesto da paixão,
Que docemente fala de amor.
Da languidez pecaminosa do desejo
Sempre que propagas esses fogos
No idílio arremessado

Dos nossos corpos

(eu)

sábado, 17 de março de 2012

Revelação



Solta-se o grito
Vencido p'la luxúria
De todas as palavras
Nascidas da fertilidade
Exacerbada dos sentidos:
Porque o amor desgasta os corpos,
Enquanto ilumina o verbo.

Sendo assim...

Diz-me:
Porque depositas
No meu peito
Rosas vermelhas,
Nessa ânsia
Com que te revelas
Em cada noite
Que a lua te ilumina o olhar?
Adivinho-te meu amor,
Nas noites escuras,
Sinto o aroma
Com que me revestes a pele
Do mais profundo desejo
De toda a carne.
Diz-me:
Porque o luar
Te inspira o corpo
Nessa ânsia 
De me redescobrires
Nos lençóis da lua?
Diz-me!, porque preciso saber... 

(eu)

quinta-feira, 15 de março de 2012

O Sabor do Beijo



De olhos fechados,
Minhas mãos tateiam
Todas as avenidas do teu corpo.
Sinto o cheiro caramelizado do mel,
Pelo Sol que me sai por entre os dedos...

E o beijo... o beijo, sabe ao pólen
Sugado das flores,
Que bebes sofregamente do Santo Gral
Em que te ofereço a Primavera.

(eu)