quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Assim eu fosse


Assim eu fosse:

A sombra que desliza 
no reflexo da tua memória 
como filha ilegítima 
consagrada ao verbo inacabado.
Sílabas que desapareceram
por não merecerem viver.

A póstuma voz 
que quebra os silêncios...
o odor dos inocentes,
o espólio dos pecadores
a ser anunciado 
em breves felicidades...

Nada em mim se compadece 
desses rendilhados de veias amotinadas 
no coração das aves...

Sou crente na imortalidade da alma
e no rio que me propicia o gesto.

Assim eu fosse:

Todo este mar que me galga
ou simplesmente nada...



(eu)

Fotografia- Jaroslav Monchak

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Parabéns querida filha




Filha minha:

Assim possa 
esse coração 
que me é (e)terno 
indicar-te os caminhos da vida
mostrar-te longas miragens 
e acender-te no fundo dos olhos
o esplendor e a luz do sol .

Perdoa-me, filha minha, 
pelos dias em que te emoldurei o sorriso,
e por outros tantos em que parei o tempo
para que te demorasses ao meu colo.

Hoje percebo filha querida
Como o teu corpo se alongou,
Como a tua alma cresceu 
desde há trinta e quatro anos 
quando me abandonaste o ventre 
e neste regaço que sempre será teu
ouvi- te o primeiro choro, e floriste...

Com as tuas pétalas 
perfumaste-me os sonhos
e tornaste imensa a minha existência.

Agora, nesta vertigem insana 
com que te considero minha, 
sinto a cada dia 
uma imensa e profunda alegria 
sempre que um pouco de mim 
renasce em ti, flor...


(eu)

Há trinta e quatro anos, fui mãe pela primeira vez, era terça -feira de Carnaval e dia de aniversário do meu pai.
Hoje, ele faria 97 anos...