segunda-feira, 10 de abril de 2017

Impermanências


Faça-se silêncio!
o ruído é-me nefasto ao gesto

Na permanência da velha árvore
debruçada sobre a janela do meu quarto,
hoje trago-te a inconfidência das rosas
e uma asa de anjo ,
como testemunho incontestável 
da finitude do voo.

todas as pombas que circundam o céu 
se vestiram de branco
e os homens abriram a boca de espanto
à inviolável luz de esperança
que atravessa todas as impermanências.

É assim que eu me sinto
irremediavelmente exausta.inconformada .
Nenhuma lua poderá transformar silêncios
onde estes olhos cegos se entregam
ao vislumbre de breves loucuras.

Um dia todos os poetas estarão mortos
e a mudez das almas 
será caricia apenas no coração das aves.



(eu)




Imagem- Lauri Blank