sábado, 21 de abril de 2012

A Coragem do Medo



O Sangue escorre 
Da carne aberta

Nas veias corre o medo,
O medo degredado do degredo.

E a alma deserta alimenta-se
Do fluxo que escorre da carne aberta.
E é o medo que lhe sacia a sede.

E tudo é sangue e tudo é medo
E tudo é deserto sedento onde a vida flui
No desamor de uma humanidade desumanizada
Com sabor a sangue.

E nos corpos tombados, quase desfalecidos
Pousam silenciosamente urubus e condores
Ansiosos, ciosos, pelo cheiro a carne quente,
Sugam-lhes a alma, sugam-lhes o suco, 
Levam-lhes a esperança.
E no chão...no chão...
Fica apenas o medo
E a coragem,

Com que os corpos se deixaram abater.

(eu)

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