Sinto em gemido a percorrerem-me o corpo
Palavras que não se calam e me atormentam
Como se se quisessem eternizar no tempo.
Entoam em raios de sol na permanência imutável
De uma luz derramada sobre os meus dedos febris.
Solta-se a dor e fragmenta-se em pedaços
Que minhas mãos não conseguem agarrar.
Esvai-se o pensamento e meus olhos elevam-se,
O céu abre-se sobre o meu rosto dolorido e
Ensanguentado do tempo que o esmagou.
Tremem-me as mãos e o corpo continua a soluçar
Na procura incessante de palavras
Capazes de reconstruirem o mundo.
Esperança vã de momentos insolúveis
Nas águas atribuladas
Que percorrem a imaginação humana.
Do alto recebo a luz das estrelas
Em cada dia nos azimutes do meu olhar...
Dentro de mim guardo as imagens
Que meus dedos trémulos não conseguem agarrar.
(eu)