domingo, 8 de julho de 2012

Pausa



...o poema teima em nascer
Das reticências que deixei colocadas
No final da minha escrita...

E neste desatino faço-me verbo.
Surjo dentro de mim em vendavais de sonhos
Invadindo todas as portas, todas as frestas,
Das florestas mais densas do meu pensamento.
É nas horas mortas que mais me atormento 
Numa procura incessante de respostas
Para tantas perguntas entrando por mim adentro.

É desalento o que a minha alma sente.
Pensava eu: a minha escrita nunca me traria dor
E muito menos desamor.
Pensava eu: palavras escritas de encantamento
Jamais levariam ao sofrimento.

Mas finalmente compreendi a força da palavra. 
Capaz de inverter o movimento giratório da terra,
Sai da boca do poeta enfeitada das sedas mais nobres
Caindo desamparada nos pergaminhos da vida. 
Onde vai ser lida apreciada e sentida.

Umas vezes contemplada ou até devorada
Outras vezes morre perdida.

No silêncio da vida, leio-me nas palavras 
Que não consegui escrever, ou então,
Naquelas que deixei morrer.

(eu)

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