Peço perdão
à sindicância das palavras:
Havemos de falar de amor,
e de rios que correm para horizontes longínquos...
havemos de falar das estações, dos ventos , das chuvas,
dos poemas de despedida e das memórias sem retorno.
Havemos de falar de tanta coisa,
no dia em que resolveres desobedecer
a esse silêncio atroz onde te mora o pensamento.
Se houver inutilidade nas minhas palavras,
que se calem os ventos, que se desarrumem os mastros
e eu passarei a viver alheada neste barco de emoções...
Pobres de nós os justos , os tementes a Deus .
O amor é assim mesmo: será sempre código por decifrar
na espuma dos dias, em que numa roda de fogo
se vão apagando os meses e os anos...
Havemos de falar de tanta coisa ...
Quando a minha voz não passar de um eco
na luz da tua memória...
(eu)
Fotografia- Jaroslav Monchak