Há dias em que as palavras não se cansam.
Outros há, em que a vida me parece tão longa
Que não existem mais palavras que a possam preencher.
Hoje é para ti que escrevo meu amor.
Hoje sinto que os anos passaram como uma flecha,
Sem me darem tempo para cuidar das pétalas
Que tão soberbamente guardo no meu regaço.
Deste-me tudo! desde aquela tarde
Em que as horas passaram por mim como breves instantes.
Senti teus olhos fulminarem-me a alma
Pressenti-te meu!
E desde então a história foi longa.
Muito longa!
Entrámos em todas as batalhas,
Rejubilámos de alegria sempre que saímos vencedores.
E vencemos tantas...quase todas!
Hoje, não temo o fechar das pálpebras
Nem pretendo fugir do tempo, fingindo
Que o cansaço não existe dentro de mim.
Ainda me sobram olhos para as flores do nosso jardim,
Ainda me restam sonhos que gostaria ver sonhados,
Ainda me sobejam mãos para acariciar
E um coração que já não cabe dentro de mim.
Sei-te ao meu lado, meu amor!
Sei também o que vês no fundo dos meus olhos
Cada vez que te fixo obrigando-te a desviar o olhar.
Sei do enigma da nossa existência.
Sei das forças que se moveram na nossa união.
O dia amanhece, o sonho esvai-se...
Será sempre tua a árvore da nossa vida
Pois em tuas mãos nossos frutos jamais cairão
E quando o sol nascer, ousa simplesmente olhar...
Perceberás então, porque vias meus olhos a brilhar.
(eu)
* Poema dedicado ao meu marido António Cebola, companheiro de uma vida...
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