quinta-feira, 3 de julho de 2014

Horas Desmarcadas



Eram 17:05 e não estavas lá...

Ceguei porque não te vi 
e segui com os olhos em linha recta 
os ríctus das máscaras que viajavam sonâmbulas
embaladas pelo som metálico dos carris.

Ensurdeci porque não te vi 
e permaneci em pé
sobre a plataforma móvel entre duas carruagens.
Os pés desalinhados buscavam os teus,
procuravam-te para que permanecesses.

A ausência do beijo às 17:05
o tempo sem tempo às 17:05 
todos os relógios me ignoraram sem pedir licença 
hoje, às 17:05....

Passei a língua pelos lábios que se mantinham entreabertos
e cristalizados por não conseguirem falar....
- passava pouco das 17:05-

Emudeci, porque não te vi
Atraiçoada por um amor que me fez diminuta 
viva num corpo desabitado de carícias quando eram 17:05,
em imagens que falharam quando tudo parecia perfeito
e me obrigaram a vestir este olhar de desgosto. 

Apenas porque hoje, nenhum relógio marcou 17:05




(eu)


Imagem- Frederico Erra

14 comentários:

  1. Em relógios desencontrados porfiamos no (re)encontro...
    Uma tela plena de poesia!

    Beijo :)

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  2. Boa tarde!!
    Estou emocionado com teus versos.
    Parabéns .
    Abraços
    ,Sinval

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  3. OI CRISTINA!
    NOSSA AMIGA, TEUS VERSOS PENETRAM NA ALMA E A MACHUCAM SEM DÓ!
    LINDÍSSIMO.
    ABRÇS

    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  4. por vezes os relógios não estão certos....

    profundo e muito sentido este poema.

    :(

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  5. Minha querida Cristina

    Nunca é tarde para o relógio marcar o tempo em que o amor desperte e o corpo amanheça.
    Fiquei sem palavras para comentar o que apenas a alma do poeta sente. Digo apenas: SUBLIME!


    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  6. CRISTINA,

    comunicando que "SEXO É UM PRODUTO DE CONSUMO" agora é
    "FRAGMENTOS DO ACASO".
    Que tal conferir, é no mesmo endereço.
    Quanto ao seu texto, você realmente se supera a cada novo.
    E-s-p-e-t-a-c-u-l-a-r !!!
    Um abração carioca.

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  7. Um poema tão belo e profundo (tocante) que nos paralisa...

    As horas marcadas e contadas,registradas pelo o olhar cercado de afeto,a espera... Uma ausência transcendida pela saudade

    vestida de desejo de corpo e alma...

    Poema grandioso,muito original,Cristina!!

    Beijinhos,querida.

    Ps: Demorei um pouco,pois meu tempo muito corrido,muito menos que eu gostaria para comentar os amigos poetas...

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  8. A hora da espera...A tremenda ansiedade na expectativa do que não aconteceu.
    Assim se esvaíu o dia....

    Belo e maravilhoso

    Gostei imenso

    Bom fim de semana

    Bjgrande do Lago

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  9. Boa tarde, Cristina
    Belíssimo poema.
    O abandono a que se dá a alma na constatação dos factos, é terrível. A esperança, mesmo depois da certeza se instalar, ainda permanece - não fosse apenas um atraso, uma falha do relógio...
    Abço

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  10. Minha querida Cristina

    Passando para agradecer as tuas palavras de carinho e deixar o meu beijinho

    Sonhadora

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  11. Emudeço rendida ao espanto de um tempo marcado a fogo de ausências.
    Parabéns, minha querida Cristina.
    Beijo

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