sexta-feira, 19 de abril de 2013

O Esculpir da Palavra

                                                                                                                           
                                                                                                               

Na aflição do teu olhar
pressinto o tumulto das palavras
impossíveis
aquelas a quem roubaram o sangue
o ventre os seios
e por isso se tornaram inférteis.

Pressinto o descodificar da duvida
e a insuficiência 
com que são atiradas p'ra vida
no momento em que caem no chão
escorregadas das mãos de um poeta 
qualquer.

É nesse silêncio nefasto
onde não consegues habitar
que a tua boca saliva com prazer 
vocábulos adulterados
e vomitados pela ausência da estrutura 
indestrutível da tua voz

Diria eu, que é nesse momento
que o poema te atravessa o peito
e repudias a insignificância 
das palavras acorrentadas.

As aves nocturnas vestem-se de luz
inundando-te o olhar...

(eu)
Imagem- Daria endresen

3 comentários:

  1. As palavras inférteis são piores que os silêncios...
    Excelente poema. Gosteui muito.
    Um beijo, querida amiga Cristina.

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  2. Pressinto o descodificar da duvida
    -------
    A dúvida é sempre dúvida!... Se descodificada torna-se certeza.
    ----------
    Felicidades
    Manuel

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  3. Há palavras que nos roubam até a "vida".
    Há momentos em que o silêncio é o melhor do mundo!

    bjinhos

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