Vida Para Além das Margens: fevereiro 2018

O meu corpo é um rio

Com duas margens

Paralelas...

Impossível se tocarem.

Na margem direita,

Erguem-se árvores

Cujas terminações são dedos,

Seguros e firmes

Que escrevem o poema.

Na margem esquerda há uma fonte

Em que corre o lícor

Onde os pássaros saciam a sua sede.

O rio corre ao contrário da corrente.

Contrariando todos os movimentos

Do corpo que ainda me pertence

E o lícor é fogo!

E o lícor é sangue!

E o lícor é suco!

Vertido p'la minha alma

Impedindo os pássaros

De passarem para a outra margem.

É assim que eu vivo...

Entre duas linhas paralelas...

(eu)

Vida Para Além das Margens