São tão somente dois olhos
Equidistantes dessa linha que teima
Atravessar-me o pensamento:
[Este poderia ser aquele momento
Em que me surgisse o último poema].
Ergo o verbo bem alto em minhas mãos,
Nelas seguro teu olhar ainda por descrever
Um nó aperta-me a garganta na ânsia
De te sentir ultrapassar o horizonte de eventos
Destas pupilas negras que te querem sugar a alma.
Queria eu no meu último poema
Dizer-te quão incólume permanece este amor
Onde desenhaste jardins aromatizados de flores.
Dizer-te que minhas pupilas se dilatavam
Num convite implícito para decifrares o código
Das conchas e das quilhas que permaneceram
Em cada recuo das marés altas cheias de vida.
Tiveste medo!
Não quiseste sentir-te absorver
Cada vez que quis guardar-te
No homizio da minha existência.
E porque se aproxima o fenecimento do verbo
Deixo-te o código de duas estrelas
Outrora habitando o infinito
Em expansão constante:
Olha para estes olhos que clamam por ti
E conseguirás decifrar o enigma do amor.
Aí sim!
Terás a certeza da infinitude de todas as coisas.
(eu)
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