quarta-feira, 6 de junho de 2012

Silênco




Caminhava despido
Despojado das vestes
Mas coberto pela imortalidade
Do silêncio .

Silenciosamente seu rosto 
Entrava-me pelos olhos
Como se quisesse pertencer-me
Invadindo-me a alma.
Sombriamente 
Continuou o seu caminho
Desaparecendo na multidão.

Por vezes sinto a sua próximidade.
Arrepio-me e peço-lhe:
Toca-me uma só vez,
Depois , só depois...
Poderei pedir-te perdão.

Antes do silêncio 
Da mortalidade da minha voz! 

(eu)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Assim se Disse



O coração transbordava d'amor
Da boca saiam-lhe palavras 
Em forma de beijo.

Sentia-se um calor gigantesco
Brotando-lhe da pele
Era o lúmen da sua existência.

O único ponto de contacto
Entre o céu e a terra... 

Mais forte que a luz!

(eu)

domingo, 3 de junho de 2012

Permissão




Novamente insistes
Em fazer-me acreditar no azul do céu
Na urgência em permitir-me ser:
Mulher amada, solta, envolta 
Na tepidez certa mas deserta 
Dos espaços inventados e sonhados
Por mim, onde os teus dedos
Não conseguem chegar.

Nessa urgência louca
Em que meu corpo clama poesia,
Em gestos prosaicos
Deformados pelo tempo
Sinto o vibrar da vida desconexa
E complexa na amplitude
Dos movimentos da minha boca
A declamar-te...poema!

Sou e serei sempre (eu)

(eu)

Beijo Imaginado



Neste entardecer lento
Algumas vezes tento erguer
Em minhas mãos
As rosas que a pouco e pouco 
Foste deixando sobre o meu ventre.

Outras vezes 
Sinto o recomeço imaginado
No sonho em que me detenho
De visceras laceradas,
Vomitando palavras incontidas
Pelo sentimento existente 
Nos interstícios das minhas células.

Sou (eu) sim!
Essa que parte sem partir
Essa que fica sem ficar
E espraia-se em marés de fogo
Com o sangue que lhe corre nas veias.
Sou (eu) sim!
Essa que ergue as rosas
E as beija com boca ardente!

(eu)

sábado, 2 de junho de 2012

Sentindo a Vida



Abro o templo
Alhures num sitio qualquer
Dentro do meu peito.

Orgão palpitante 
Ainda quente a dizer-se céu
Universo absorvente
De todo o húmus terrestre.

Esse que é vida 
Da própria vida
Remanescente dos despojos
Vividos e respirados
Inalados e sentidos
Em poesia viva
Nascendo dentro de mim
Do pó que meus pés
Absorveram.

(eu)