terça-feira, 12 de junho de 2012

Cansaço



Doem-me os pés 
De tanto caminhar,
Tenho sede!
E os ossos gemem de suportar
A carga do meu corpo.

Queria tanto poder repousar
Neste entardecer.
Olhar o poente e pensar
Num outro lugar onde pudesse
Sentir-me renascer.

Bebo do suor da minha pele
Bebo das lágrimas que me caem 
Sobre os lábios.
Choro no deserto aberto 
Deste meu peito
Onde já nem sobram despojos
Do que outrora sonhei conhecer.

Solitariamente confusa 
De alma louca,
Ou Talvez oca
Ou prestes a enlouquecer,
Continuo a insistir
Sem desistir do meu sofrer.


(eu)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Quando Menos te Espero




E assim ousas revelar-te
No calor endógeno da minha pele
Sempre que sem tir-te nem guar-te
Insistes em dizer-te meu.
E dizes-te Sol... 
E dizes-te ave... 
Sobrevoando meu corpo 
Incompleto pela ausência do teu.
Iluminas-me a boca entreaberta
Respirando cansada 
O desejo do beijo que tarda 
Na amplitude do tempo 
Em que te espero e desespero. 
Finalmente em voo rasteiro 
Sinto roçares-me o ventre
Descoberto mas ainda quente
Como terra húmida exalando aromas
Pronta a receber semente.
Docemente arrepiada ouso
Sentir-te meu.
Somente meu! meu amor...
Absorvo-te porque vives em mim.

(eu)

domingo, 10 de junho de 2012

Ser Poeta



O corpo rejubilava com ternura
Os olhos estavam húmidos
E deitavam laivos que sabiam (a)mar
O olhar era oblíquo 
E na concavidade do rosto
Sobressaía uma boca redonda
Cheia... muito cheia de sons audíveis
À distância de vários mundos paralelos.
No peito, ao centro havia um escrito
Dos lados erguiam-se duas mãos
Segurando o mundo entre os dois polegares.

Senti uma onda gigante
Perpassar-me a mente,
Ainda ausente, fixei-me naqueles olhos d'água
E senti no peito a possibilidade
Da imortalidade do Universo!

(eu)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Testemunho



Houve quem a desejasse
Sentisse e até amasse
Outros nem tanto...
Mesmo assim se fez flor.

Houve até quem a visse 
Através da transparência 
Da sua sensibilidade,
Quem sentisse o seu aroma
E distraidamente ignorasse
Quando este cessou.

O seu caule tombou
E na terra que lhe deu vida
Deixou plantada a sua luz .

Em sementes, talvez...
Mas sobretudo no caminho
Que delineou mas nunca percorreu

A coragem, leva-a nos olhos
E na boca semi- cerrada
As palavras que nunca pronunciou.
Tomba a flor
Permanece o Amor!

(eu)

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Outros Mundos



Ontem surgiste-me Morfeu
E no sortilégio do sonho
Cruzámo-nos no horizonte
À distância do ponto 
Em que duas linhas paralelas
Se tocam na perspectiva
Dos nossos olhos.

No ventre acolhi teus frutos
E na pele o cheiro do sonho
Em que meus olhos te viram 
Fecundar a minha carne.

E voltámos a cruzar-nos.
Uniste-te a mim em um outro ponto 
Do Universo, onde as estrelas
Párem de dor
Os filhos que concebem 
Do Astro Maior.

Hipno chamou-te!
Ainda consegui ver-te voar
Por entre galáxias,
Meus olhos seguiram-te
Enquanto minhas mãos 
Acariciavam o ventre repleto
Dos filhos do sonho.

Acordei nua de mim!

(eu)