Longe vão os anos
em que te encontrei
minha alma gémea
por quem me apaixonei.
Dentro de mim fervilhava
um coração encoberto pelo frio do inverno
aquecido sobre um leito de ternura e afecto,
onde começava uma vida que se estendia,
para te amar mais... e mais, e mais...
tu sabes:
- mais até do que podia-.
Era Janeiro e acendia-se a cor da paixão,
nas minhas rosas, no laço que puseste ao pescoço,
e no anel dourado que colocaste na minha mão.
Passaram anos e anos de uma vida cristalina,
edificada, afortunada, abundante:
em amor, em afectos, em sorrisos , em alegrias.
As rosas não murcharam e o jardim continua a florir,
o laço alongou-se , o amor cresceu,
mais flores nasceram, mais estrelas luziram.
-Só o anel dourado da minha mão se perdeu-.
-por descuido meu-
Não, não me esqueci dele, nem do dia em que o recebi
sobre dois corações entrelaçados,
e de olhos embaciados pela respiração do teu beijo,
olhei-te já despossuída do tule branco que me servia de esconderijo,
E prometi:
amar-te, amar-te , amar-te...
tu sabes:
-amar-te sempre, amar-te mais,
e fazer do amor o meu (e)terno regozijo-
Agora preciso procurar o anel dourado,
nos labirintos do poema,
pois só assim, ouvirás a voz do meu amor,
e deixará de fazer sentido o eco inaudível
de alguma presumível dor.
Então... de dedos despidos e corpo nu,
como as aves que sobrevoam os céus ,
em busca dele voarei,
minha alma gémea
por quem me apaixonei.
(eu)
Fotografia: Alfred Cheney Johnston