Ainda há em mim uma réstia de sangue que me aquece a vida.
Há uma artéria azulada, onde a paixão habita, mais ou menos a dois terços e meio do espaço que vai dos lábios ao coração.
E o beijo, é a luz a iluminar o caminho como sol que se expande penhasco abaixo, em direcção ao rio.
A poesia é o ponto luminoso situado exactamente ao centro da língua, que impulsiona o desejo pelo poema pousado em mãos grávidas, cujos dedos ignóbeis - diria até perversos- consumidos pela impotência
impunemente imposta pela razão, cortam as asas ao voo, e deixam os versos caírem no chão. Abortando-os. Matando-os,
um pouco antes do momento em que pudessem nascer.
E assim, cessa o desejo que alimenta o poeta.
No auge do seu momento inspiratório desfalece, sufocado pela réstia que ainda lhe sobrava de ar ou sangue.
E prontifica-se a reinventar-se num outro qualquer lugar.
***
Ao centro da língua ,
renasce-me um ponto luminoso.
E na boca, uma artéria azulada,
por onde flui o sangue
que me impulsiona a vida.
Imagem - Tatiana Parcero
Surpreso por esta anatomia
ResponderEliminarprovo o poema, com a ponta da língua
Estranho sabor, estranho porque belo
entre o absinto e o caramelo
com um pequeno travo
avinagrado
que de pouco se dá conta
Lateja-me o cérebro
do lado certo
onde se localizam todas as emoções
É entre a boca e o peito, entre os lábios e o coração que o poema se passa.
ResponderEliminarO sentimento sobe e na língua adquire forma. Se permitimos demasiada interferência racional os versos sentir-se-ão constrangidos e sem a suave ondulação que permite a flutuação da beleza.
Muito bonita e forte a imagem dos versos que morrem antes de terem nascido. Todo esse desejo feito de ar, luz e sangue, em necessidade de permanente reinvenção.
Muito belo, Cristina! E intenso.
xx
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ResponderEliminarme. Cheers!
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Olá, querida Cristina!
ResponderEliminarDepois de ler as suas palavras, duas vezes, no mínimo, fiquei, como sempre, sem saber o que dizer, porque a mente humana, pelo menos, a minha, não atinge, não chega lá, às suas palavras.
Tudo, aqui, é tão saído do coração, e, logicamente, puro e milimétrico, que só ficam as gotas de sangue arterial para conseguirmos entender o porquê daquilo que escrevemos e sentimos.
Quando se escreve poesia, parece que estamos em processo de acidente cardiovascular, intenso, mas com recuperação, graças a Deus, porque, posteriormente, fazemos a nós próprias, recuperação dos movimentos e da voz, que fica, sempre embargada.
Quanto àqueles, que abortamos, espontaneamente, ou não, há pouco e muito a dizer, porque isso faz parte das nossas intimidades e do nosso eu, que, não sabemos partilhar, com ninguém.
No centro da nossa língua, como a todas as outras partes do corpo, aflui sangue, que conoto com VIDA e POESIA, A SUA!
Dias bem luminosos e com alma.
Beijinhos, com muita amizade e estima.
A tua poesia luminosa que preenche o espaço ímpar de beleza,profundidade e inspiração.Tinha que emergir de uma fonte luminosa
ResponderEliminarde pulsão de vida,que corre a emoção a impulsionar a melodia do coração do poema...
E sempre bela esta melodia luminosa da tua poesia!!!
E sempre fico encantada ao contato com esta luminosidade,Cristina...
Beijinhos,querida!
Escreve-se, aqui, a poesia com o corpo inteiro...
ResponderEliminarBeijos.
Tudo se move
ResponderEliminaraté a sombra projectada
também luz
Bjs
Um ponto luminoso que bem pode estar no centro de tudo.
ResponderEliminarBeijos
o Poeta reinventa sempre a poesia....
ResponderEliminarlindíssimo!
:)
Um poema maravilhoso Cristina. Um beijinho.
ResponderEliminarOI CRISTINA!
ResponderEliminarE ASSIM O POETA RENASCE EM OUTRO LUGAR OU POEMA QUALQUER...
LINDO DEMAIS TEU TEXTO .
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Uma das mais linda definição da poesia, que iluminada inspiração!
ResponderEliminarAs palavras se encantaram, parabéns Cristina pela construção e analogias perfeitas.
Carinhoso abraço amiga.
Beijo de paz.
Que forma divina de aludir ao nascimento da poesia, parabéns! amei o texto! abração
ResponderEliminarContinuo a partilhar as suas magníficas palavras e sentimentos.
ResponderEliminarBjinhos
http://lerviverler.blogspot.pt/2014/03/num-campo-de-papoilas.html
Na geometria corporal do verso se intui a poesia íntima e bela a respirar no teu poema!
ResponderEliminarBeijo, querida amiga.
Ah, Cristina, consigo a reinvenção é uma constante. Nós, leitores, agradecemos.
ResponderEliminarBeijo :)
Boa tarde,
ResponderEliminaro sentimento é sensível ao corpo todo, não sendo eu poeta, admiro a sua poesia encantadora.
Abraço
ag
Que original!
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