Há um lugar
onde as aves se juntam para morrer,
sem ruído,
na limpidez de um silêncio que se faz ouvir
em música suave,
apropriada ao terminus da vida.
Todos os outros sons seriam desnecessários:
ficariam silenciados
pela imensidão do momento.
O rumo é para poente.
É lá que se preparam para a morte
(mesmo aquelas que costumavam voar para norte).
É um lugar no espaço que as aguarda na noite,
ofertando-lhes um regaço de matéria inexistente.
Tudo é ilusório e desconexo.
Os rostos desabitados sem expressão
sentem o peso dos dias em que lhes faltaram,
não sete palmos e meio de chão
(que é a terra que um homem necessita),
mas dois pedaços,
onde não conseguiram pousar os pés.
E por isso se fizeram aves,
para poderem suportar
a impunidade da sua morte.
Imagem- Google
Vim apenas espreitar... :)
ResponderEliminarE fez muito bem Pedrasnuas...:)
EliminarEra nesse lugar, " na limpidez de um silêncio que se faz ouvir em música suave" que eu gostaria de me juntar às gaivotas...
ResponderEliminarBelo, Cristina. O seu sentir envolve-se com o poema desde o começo até ao final. Fez-me voar...
Beijinho amigo.
Grata pelo seu carinho, Maripa!
ResponderEliminarBeijinho meu...:)
Há um lugar onde findam as dores e procuras.
ResponderEliminarHá um lugar onde o Sol aquece as peles frias mortas.
Há uma poesia que nasce no silencio e grita belamente.
Então eu sinto o perfume das flores de além mar Cristina,
enquanto por cá ainda folhas caem no caminho e assanhadas pelos ventos de maio.
Carinhoso abraço amiga e um bom fim de semana com paz.
Bju de paz amiga.
Tão pertinente quanto solene. Lindo.
ResponderEliminarCadinho RoCo
um poema tocante.
ResponderEliminaré muito bom e triste também.
a imagem foi muito bem escolhida.
bom final de semana.
beijo
:)
Não há morte nem princípio
ResponderEliminartudo se move
Bj
Um poema deste blogue foi escolhido para constar no Poesia Portuguesa.
ResponderEliminarAlgum inconveniente o mesmo será retirado.
Um abraço
A minha gratidão Poesia Portuguesa...sinto-me honrada...:)
EliminarO poente é o lugar do ocaso, e é também o local da morte em sentido figurado.
ResponderEliminarSempre que uma ave se vai, o nosso olhar entristece, porque também nos iremos.
E quem gostou de voar em bando, natural que prefira o silêncio de uma morte
acompanhada. E todos partimos, tal como as aves, para o lugar de matéria inexistente.
Um poema belíssimo, Cristina!
xx
Olá, Cristina.
ResponderEliminarLindo! O poema, não a circunstância - que a morte é triste e desconexa, seja a norte ou a poente.
Mas, chegada a hora, gostaria de ter o instinto dessas sábias aves e saber o rumo certo.
bom fim de semana
bj amg
Olá Cristina ,
ResponderEliminar"É um lugar no espaço que as aguarda na noite, ofertando-lhes um regaço de matéria inexistente."
Frase fantástica , num Belo Poema cheio de intensidade :)
Beijinho.
BFS
Luis Sousa
As aves são como nuvens que passam ! Mas, depouis regressam.
ResponderEliminarFelicidades
MANUEL
Agradeço que me contacte para o seguinte endereço de email: Portuguesapoesia@sapo.pt
ResponderEliminarObrigada.
Um abraço
Maravilhoso poema, Cristina. As aves juntam-se para morrer ao sul. Para sul correm também os rios que sonhamos.
ResponderEliminarUm beijo.
Absolutamente fantástico.
ResponderEliminarAdorei. Parabéns
Bjgrande do Lago
As aves percorrem uma infinitude, uma sublime liberdade que nos proporciona ir além do tempo-espaço,
ResponderEliminarsilenciar os ruídos internos e conectar com a música da alma e a morte é um voo atemporal,
mas que a conexão de tudo é o amor, este viaja anos luz...
Um poema grandioso, filosófico e muito belo!!
Adoro ler-te (sempre)...
Querida Cristina, quero agradecer o teu carinho (solidário) no teu emocionante e belo comentário, senti a tua emoção!
Beijos e grande abraço de alma.
Fico sempre com a alma totalmente desperta perante os seus textos, Cristina. Este (como muitos outros) é de uma enorme beleza, tecida na profundidade das coisas. Obrigado.
ResponderEliminarUm beijinho :)
Um poema que merece uma profunda reflexão.
ResponderEliminarSerei ave ?
Um beijinho
Fê
Só para lhe deixar um beijinho agradecido.
ResponderEliminarFê
Já de volta.
ResponderEliminarCadinho RoCo
OI CRISTINA!
ResponderEliminarCOMO AS AVES, DEVERÍAMOS, VOAR PARA A MORTE.
A BELEZA EM TEU TEXTO, EMOCIONA E NOS PÕE A PAR DO TANTO DE TEU TALENTO.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
A vida é uma passagem, que o final seja sempre em paz e silêncio.
ResponderEliminarAdorei o poema e o seu blogue, meus parabéns.
Um abraço
Maria
Agora fez-me lembrar Fernão Capelo Gaivota! A gaivota que ansiava subir mais alto...ir mais além, céu fora .... atreveu-se e foi banida do grupo....é o preço a pagar por pensar e sobretudo ser diferente! Sonhar e agir! Porque de nada serve sonhar se não agirmos ...é o mesmo que ter asas e não fazer uso das mesmas! é preciso ter ideias e concretizá-las!
ResponderEliminarVoltando ao poema....será que todas as aves têm a mesma sorte? escolher um lugar para partir? sem incómodos, sem ruídos perturbadores, um lugar de respeito? de paz e tranquilidade , quentinho e propício para uma viagem sem sobressaltos? O eterno descanso do Lugar Divino?
Beijinho, Cristina!
Olá Cristina ,
ResponderEliminarPassando novamente para reler , e para desejar um Bom Fim de Semana :)
Abraço
Luis Sousa
Oi Cristina!
ResponderEliminarQue linda inspiração!
As aves merecem um lugar especial, que só é visto na imaginação!
Beijo carinhoso, feliz semana!
Olá Cristina ,
ResponderEliminarEspero que esteja tudo bem , estou a sentir a sua ausência por aqui :)
Um Abraço
Luis Sousa
Lugares onde só o poeta tem acesso.
ResponderEliminarBeijo
Bom dia, Cristina
ResponderEliminarO título chamou-me a atenção - considerando que "margens" são "limites"...
Depois de entrar, sem pedir licença, -:))) verifiquei que tenho visto comentários teus por aí... de que tenho gostado.
Dada uma vista de olhos, concluo que tenho andado a perder poesia muito boa.
Acho maravilhosa a imagem de as aves (?) rumarem para poente, para um lugar paradisíaco, onde encontram o fim.
Na minha vida "alguém" acompanhou essas aves, e eu espero, de coração, fazer o mesmo um dia, e juntar-me a todas elas.
Desculpa ter-me intrometido assim, mas não resisti.
Votos de excelente fim de semana.
Um beijo
MIGUEL / ÉS A MINHA DEUSA
Passei em busca de algo mais e aproveitei e reli....
ResponderEliminarBjgrande do lago
Tudo é ilusório e desconexo.
ResponderEliminar-----------
A ilusão faz parte da vida. E as ilusões são isso mesmo, ilusões.
Felicidades
MANUEL
Boa noite Cristina
ResponderEliminarVim deixar-lhe um beijinho amigo.
Cristina, já tinha saudades de a ler, mas já vi que a excelência da sua poesia se mantém.
ResponderEliminarPor isso, não é nada bom que fique na gaveta.
Saudações poéticas.
Logo ao nascer começamos a voar para poente.
ResponderEliminarE a verdade é que o desejo de voar é permanente no ser humano
As saudades que eu tinha dos teus voos!
Obrigada, Cristina.
Beijinho.
Olá Cristina.
ResponderEliminarTudo bem amiga?
Saudade desta pagina.
Uma linda semana a para você.
Abraços.
Bjs