terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Metamorfoseando no Poema

    foto: -alfred cheney johnston.


Sim! 

Hoje voltei a escrever para ti. 
Perdoa, se me repetir
principalmente ao falar do amor
pousado no meu poema 
pelos teus olhos metamorfoseados
em borboletas verdes.


Não fales,
não digas nada,
não ouses sequer interromper 
este diálogo entre as nossas almas.

Então...

então,

Junta apenas 
as tuas mãos às minhas,
deixa que a luz dos meus olhos 
se difunda nos teus...

Vês como são verdes!!

Todas as borboletas se vestem de verde
na doce devoção das almas apaixonadas.

E as vozes...

ouves as vozes? 

As vozes são delírios inocentes
no grito dos corpos.
sempre que a carne se difunde
no amor que a consome.

Por tudo isso,

não penses sequer contrariar-me.

Respeita esta inocência
com que escrevo a verdadeira essência
dos meus sonhos.

E peço-te mais:

Respeita também o tema,
e não deixes as borboletas verdes 
morrerem no meu poema.

Lembra-te amor!

Eu sou vida...apenas vida.

(eu)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Incongruências

                      foto: -alfred cheney johnston.

Incauto é o movimento
do meu pensamento
sempre que no deslumbramento
deste meu sentir
ocorre-me até admitir:

Pudesses tu ter a razão.

Raras eram as probabilidades
de surgirmos no tempo e no espaço
ligados neste forte abraço
e vencermos todas as tempestades.

Por isso te digo:

Somos produto inacabado
de um acto copulado
de amor entre duas estrelas.

Somos matéria virginal
da explosão inicial 
construídos de lava incandescente.

E essa é a nossa glória!

Não existimos no tempo nem na memória.
vivemos há anos luz!

E à luz da própria razão 
assistimos à nossa [des]construção
pecando... por omissão.

(eu)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Somente Sete



Eram sete sóis, 
eram sete luas e sete mares.

Pelos sóis fui ignorada 
pelas luas desamparada
e pelos mares devorada.

Fui alimento p´rá flor dos lábios
ambrósia servida em ceia sagrada.

Tornei-me estátua em pedra dura
indiferente aos clamores das bocas 
sufragadas p´la minha loucura.

Por sete ventos fui arrastada,
morri nesse mar em que naufraguei
sem que essa morte onde me afoguei,
fosse sentida ou lamentada.

Foram sete dias de tortura...
o tempo mínimo necessário
a um corpo 
para se livrar do cheiro da agrura.

E depois....
depois, lavada em lágrimas de mar,
foram sete os golpes lancinantes 
que pela acção lasciva do corpo
não chegaram a sangrar.

(eu)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Sem Tempo para Sonhar




Há palavras que as bocas 
não conseguem ter força 
para dizer.

Agarram-se aos dedos
como se quisessem preencher
todos os espaços onde corre a pele.

Os sentidos confundem-se-me,
sempre que penso nos momentos
em que as pedras da minha calçada
me prometiam um longo caminho.

Embelezado por mim, com juras 
de um tempo alucinado
que se dizia querer eterno.

Avistava longos espaços por percorrer
e das palavras fazia poemas,
e nos poemas cresciam sonhos
com tempo para serem sonhados.

Imaginava eu, esse trilho alongando-se 
à minha frente
e que todos os vislumbres 
que ainda ontem me prometiam vida
não morriam hoje
por não ter coragem de continuar a sonhar.

Ainda não sei de quantas pedras preciso
para completar a calçada,
no entanto sinto o caminho curto
para poder estender a minha pele.

(eu)

sábado, 5 de janeiro de 2013

Quando o Amor seca as Lágrimas


Sempre que o pensamento se esfuma
é premente esta sensação de poesia
a invadir-me a alma.


Libertador este sonho que me transporta
a lugares na memória já extintos
ou então nunca antes percorridos.

Ou talvez sonhados desesperadamente 
em momentos vestidos de dor e saudade.

Hoje apetecia-me serenar o pranto,
enxugar as lágrimas 
e prometer a mim mesma
aceitar a inconstância das nuvens
que se desvanecem no azul impenetrável do céu.

Hoje eu queria sentir o poema
mesmo que ele viesse até mim 
em grito ou soluço de solidão.

Queria sim !
Que o céu se mantivesse limpo
e que as lágrimas do mundo secassem.


(eu)