domingo, 21 de maio de 2017

Canto com voz Desafinada



Só aos amantes 
é permitido cantar o amor
com voz desafinada.

Sei-te senhor deste vórtice que me atormenta,
sei-te musgo verdejante nos campos da minha alma,
sei-te preclaro deste sentimento com que me vergo 
a esse corpo rutilante que me faz pequena.

Laboriosa é esta alma farta de fadigas,
não me perguntes: 
-Quem és senhora?
Que eu não sei  nada. 
E mesmo que soubesse , nada te diria,
do nada que sou me excluo por me sentir cansada .

A minha voz desafinada canta o amor do cimo,
nada tem de terreno, lascivo, ou de intermináveis loucuras. 
Sou suor e sangue que derramo por onde sigo,
pertencente ao uivo do meu ventre a apelar ao mundo,
para que todas as vozes cantem comigo.


(eu)




Imagem-Merzbach

9 comentários:

  1. Simplesmente fantástico este teu poema. A tua forma de versejar é muito profunda, intensa e de uma sensibilidade envolvente.

    Amei

    Bjgrande do Lago

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  2. Se é pelo amor, canto contigo, Cristina...
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  3. O amor pode tudo mesmo.
    Belo.
    Boa continuação de semana.
    Abçs.

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  4. Só, ou por causa deste especial sentir (incidentemente espiritual) é que a poeta é capaz de tamanha expressividade poética e emotiva.
    Belo, intenso e apaixonante poema!
    Bj, Cristina

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  5. Acompanho com o som da viola com a voz de baixo, lá encima está a lua a iluminar.
    Bjs

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  6. não sei se "voz desafinada", mas certamente bem timbrada!
    gostei da "voz harmoniosa" do poema

    muito belo

    beijo

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  7. Recordo tão bem este poema, querida Cristina, que me surpreendo não ver o meu comentário.
    É uma voz poética de rara beleza e profundidade.
    Desafinada, canto contigo.

    Beijinho.

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