Agora eu sei
não é fácil ouvires-me
na quietude das sombras,
nem veres os traços do teu rosto
nas águas silenciosas do meu rio.
O tempo é escasso para lançar palavras
ao esquecimento de sonhos amputados.
Todas as correntes transportam consigo o eco das marés
e nelas navegam em silêncio uma voz sobrevivente.
Depois, há o rugir da terra a soltar o poema,
aves que ressuscitam a declarar impunidade à sua morte,
há o choque da palavra lavrada com laivos de sangue
onde a mudez se instala nos lábios humedecidos
e perpetuados em beijos inconfessáveis...
Há tanta coisa que não podes ouvir
nem ver,
neste olhar cansado e exausto
com que me abandono à cegueira da ilusão.
Agora eu sei
(eu)
Fotografia- Jaroslav Monchak
O rosto nas águas correntes de um espelho que não mente
ResponderEliminarBelo o seu poema
o pior cego é aquele que não quer ver!
ResponderEliminarpoema muito belo - a destilar, harmonioso, frementes devoções
quase prece!
a ilustração é sublime!
Os espelhos não refletem o que de fato revelam. E das palavras "exaustas" este poema grandioso, e a escrita "purificadora".
ResponderEliminarUm abraço,
Olá, Cristina,
ResponderEliminarNão sei por onde você alcança minha casa. O caminho que você faz.
Tente alcancar-me pelo www.nasdobras dodia.com.br
Um abraço
Um poema espelho de sentires profundos e palavras rasgadas de ilusão e saudade. As aves decretam o renascimento inscrito em beijos húmidos e inconfessáveis.O teu poema fez rugir a terra. Fascinante, amiga!
ResponderEliminarBeijinhos.
Um poema maravilhoso, Cristina. Intenso, com sonhos e palavras e silêncios a "lavrarem" o poema.
ResponderEliminarGostei imenso.
Uma boa semana.
Beijos.
Um grande poeta português, José Gomes Ferreira, agora muito esquecido, escreveu, a propósito: viver sempre também cansa. Espero que não seja esse o caso.
ResponderEliminarMais um grande poema, Cristina.
Abraço
Oi Cristina!
ResponderEliminarE ao chegar ao clímax, sabe-se tudo, mesmo que muitas vezes não queiramos mais saber.
Que coisa linda amiga, um abandono, um sofrer que toca fundo.
Abrçs
Pois, Cristina
ResponderEliminartambém lhe tinha perdido o rastro
volta a ser fácil ouvir-te
agora
nesta hora
de reencontro
o Poema?
Ah, como sempre
profundo, belo
Oi, querida Cristina!
ResponderEliminarSua poesia é linda, profunda e emocionante!
Beijo carinhoso!
A tua poesia é macia, bonita!
ResponderEliminarOs espelhos só refletem nossa imagem, nunca nossos sentimentos.
Beijos e ótima semana!
Voltei. Ou regresso ao mundo dos teus poemas. E vou aquecendo o meu olhar à medida que devoro os teus versos.
ResponderEliminarTambém me adicionei aos teus seguidores.
Um abraço,
Momentos melancólicos que as águas do teu rio testemunham, se irmanam e adensam. Por vezes, o meu rio também cumpre esta missão.
ResponderEliminarEloquente foi este teu diálogo!
Bj, amiga 😊