sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

No Dia em que o Mundo ia Acabar



É fácil... muito fácil
sentir à noite a finitude
dos dias claros.

Principalmente 
daqueles sem sombras, 
que em nada deixam prever
a proximidade de um derradeiro dia. 

É muito fácil
predizer o fim do mundo,
quando se nos afiguram 
constantemente 
rostos cinzelados de lábios pálidos
a anunciarem incessantemente 
o óbito.

Todas as flores morreriam de espanto
se se soubessem a ornamentar 
as mais luxuosas cerimónias fúnebres.

Elas nunca iriam compreender:
a sua beleza em jardins floridos,
nem a sua enigmática presença
nos rituais valetudinários da morte.

Nada é mais mórbido
que um cemitério ornamentado de rosas
ceifadas à vida,
ou uma missa a encomendar a alma 
de um corpo ainda presente
já sem lágrimas para chorar.

Mesmo que esse dia, 
fosse aquele dia
em que se predissesse, 

Que o mundo até pudesse
nesse mesmo dia 
vir a acabar. 

(eu)

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