- Ai o caos! Ai o caos! E esta música frenética que me obrigam a dançar...
- Música? Qual música, menina?
- Qual música? Não ouve? O free jazz dos tempos, onde a história se escreveu e não permite ser mudada? Rodo.... rodo....enredada na própria culpa, e em teias de lembranças que afinal são simplesmente N-A-D-A!
- Espere, por favor cale-se! Eu sei que aqui não se escreve com maiúsculas, mas a partir de hoje, ninguém me ditará regras. Sim! regras! regras! regras!.... e multidões a rodar sem conseguirem parar...
- Ai que tropeceiiiiiiiiiiii!
- Tropeçou? E agora, menina?
- Agora? Agora, entro no poema que não era para ser dito desta forma, nem neste dia, nem a esta hora. E pronto aqui estou eu! Só, e sem ninguém a apontar-me caminhos.
...
Um dia, que mais sobrará de mim para além da culpa,
por não ter deixado o palco antes da peça terminar?
O cansaço apunhalar-me-á pelas costas
estatelando-me o peito em terra árida.
Será tarde demais para me reconhecer,
nem sequer o cheiro da pele colado às roupas
que me cobriram o corpo parecerá meu.
Recordarei então, a luz que me iluminava o olhar
e a docilidade nos gestos com que me movimentava
(antes do caos)!
Agora, restam somente pingos de sangue
a escorrerem-me dos olhos em forma de lágrima,
e a dureza do chão onde encosto os lábios
como se quisesse procurar a última gota do líquido milagroso
que sacia a sede....
Dizem, que há ventos que podem secar assim a pele,
e até a vida...
Ah! que saudades do aroma das pétalas brancas
que cobriam aquele leito onde costumava sonhar,
sem que ficasse presa a galhos de ciprestes verdejantes
impregnados do veneno letal que paralisa os lábios
ao soprar das velas...
Porém, hoje mesmo lembrei-me
que um dia tive uma vida
à qual permaneço aprisionada,
e à culpa de não me perdoar,
quando apenas fui inocente...
...
-Espere.... espere... ainda está aí? Ocorreu-me que talvez pudéssemos evitar o caos se reescrevessemos a história ...
-Estou sim menina! Estarei sempre.... Pode começar! Como dizia Nietzsche, "É preciso muito caos interior para parir uma estrela que dança"
...Ordo ab Chao...
(eu)
"O caos é uma ordem por decifrar",
ResponderEliminardiz-lhe Minha Alma,
citando Saramago
e neste caos, fiquei, completamente fascinada...
ResponderEliminarbeijo
:)
O caos não é fim do mundo
ResponderEliminarexiste em todas os apeadeiros da vida
renasce das cinzas
numa aparente desordem de cores palavras e gestos
Não aprecio o caos mas ele habita.nos
em liberdade
nos mais vagarosos instantes
Procuramos o caos onde a nossa sombra se perde... Que belo poema, Cristina!
ResponderEliminarUm beijo.
O caos e o desejo da ordem.
ResponderEliminarMas só do caos pode nascer a ordem. Só o o caos a possibilita.
E mais do que o caos do mundo, como aqui demonstras, é o nosso
próprio caos que nos divide e nos volta a reintegrar.
Vejo aqui a prosa enquanto caos e a poesia que ordena esse caos.
O poema é extraordinário, como sempre. Um regresso em grande!
xx
Querida Cristina,
ResponderEliminarFiquei fascinada com a criatividade expressiva do conteúdo filosófico textual.
A rica simbologia apresentada; a menina, a voz libertadora e poética,
diante da voz diretiva (quase censura) e o caos, as polaridades das
forças contrárias em processo de desarruma e arruma na ordem interior
e exterior do Ser...
Esse processo de reescrever, renovar e mais importante,
dançar com seu ritmo próprio a vida...
Maravilhoso, Poetisa Querida!
Beijinhos saudosos.
Ps: Fiquei feliz com a tua presença amiga e comentário luminoso... Grata!
Remexer, reformular, inquietar e... nunca se sabe quando nasce uma flor.
ResponderEliminarMuito bem, Cristina!
Um beijinho :)
ResponderEliminarCharles Chaplin dizia que “Não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas.”
Aqui a poesia dança de forma caótica sim, mas bela, muito bela.
Boa semana!
Um beijo
Fê
OI CRISTINA!
ResponderEliminarO CAOS ESTÁ AI, MENINA, AO NOSSO REDOR, AO ALCANCE DE NOSSOS OLHOS E INOCENTES SERÃO AS NOVAS GERAÇÕES QUE IRÃO HERDÁ-LO POR CULPA DE NOSSO DESCASO.
MAS, APESAR DO CAOS, TEU TEXTO ESTÁ PRIMOROSO.
ABRÇS
-http://zilanicelia.blogspot.com.br/
E do caos nasceu um belo poema.
ResponderEliminarUm abraço
Maria
Quando perdoamos aos outros, temos que aprender também a perdoar-nos.
ResponderEliminarGostei imenso do texto e do poema. Excelente.
Tenha um bom fim de semana, querida amiga Cristina.
Abraço.
ResponderEliminarO teu poema é um caos fascinante. O texto igualmente magnífico.
Escreves mesmo muito bem. Parabéns.
Bjgrande do lago
Eu sou caos, mas não aprecio.
ResponderEliminarPode ser que renasça como estrela.
Beijinhos
Um Feliz natal com amor paz e muita saúde
ResponderEliminarBjgrande do Lago
Passei para desejar que este novo ano lhe traga grandes vitórias, muita saúde e também muita Paz.
ResponderEliminarAbraço fraterno.
Que a felicidade esteja por aí,
ResponderEliminarMANUEL
Estou a tentar visitar todos os seguidores do Peregrino E Servo, e verifiquei que eu estava a seguir sem foto, por motivo de uma acção do google, tive de voltar a seguir, com outra foto. Aproveito para deixar um fraterno abraço.
ResponderEliminarAntónio Jesus Batalha.
Oi, Cristina!
ResponderEliminarLindo, forte e delicado!
Beijo carinhoso, feliz domingo!
Sou caos até a dormir e daí sái um sono profundo.
ResponderEliminarBjs