Passaram onze marés
sete sóis e nove ventos,
três estrelas cadentes,
-e dez mulheres grávidas em fim de tempo-
Da janela da sala contei:
cinco velhos sem bengala,
oito pretos, sete brancos, três chineses,
ouvi uma voz que me chamava.
-e eu não me encontrei-
Carreguei pesos que não me pertenciam,
galguei montanhas que não existiam,
vislumbrei estrelas que não luziram,
construí mundos que se perderam,
sonhei improbabilidades que não aconteceram.
- e eu nunca me vi-
Orei a deuses, acreditei em duendes,
em fadas, elfos, driades e magias,
e procurei no mundo alegrias.
- e nunca as achei-
Veio o Outono começou a chover,
mudaram os sonhos, mudaram os tempos,
-e eu à espera de me ver-
(eu)
Imagem- Google
Olá, Cristina!
ResponderEliminarComo tem passado? Então, o cotovelito? Assim como quem não quer a "coisa", lá se vai escrevendo, e que escrita, a sua, SANTO DEUS!
Peço desculpa de não termos "falado" mais, mas estamos na reta final do período escolar, e como é natural, temos mais trabalho, mas nada que não se faça, sobretudo se é com amor e por vocação. Além disso, e ainda por cima, publiquei no domingo, já passava das 23h, um poema, feito à pressa e um pouco "em cima do joelho".
Minha querida amiga, eu não sei comentar o que escreve. Creio que já disse isto aqui, mas é bom relembrar-lhe, porque parece que as palavras se vão esconder todas numa gaveta, a que não tenho acesso.
Quando me explicou por que tinha fechado os comentários, no seu blogue, percebi, lindamente, os motivos. O primeiro, está mais que justificado, e temos de ter cuidado, caso não, os nossos dedinhos, cotovelos e mãos vão "pro maneta".
Quanto aos outros, tem toda a razão. Adjetivos, verbos isolados, não precisamos, e também dispensamos o "faz de conta" e a hipocrisia.
Mas, o mais gritante, ou melhor, o mais significativo é o que colocou em último lugar: quem lê o que escrevo, a quem interessa e quem entende o conteúdo?
Acredito, que poucos/as, mas eu entendo o conteúdo do que escreve, acho eu, embora só quem escreve sabe o que lhe vai lá dentro. De qualquer forma, dá trabalho ler, comentar, e sobretudo falar com franqueza e realismo.
Quanto à nossa empatia mútua, que referiu no meu blogue, ela é mais do que verdade. Somos tão parecidas, em tantas situações. Sabe que, por vezes, acho que as pessoas não percebem o que eu digo, neste caso, escrevo, nos comentários, ou então, sou eu que não sei fazer passar a mensagem, porque talvez o canal de comunicação esteja "poluído" . Já teve essa sensação? E quando deturpam, propositadamente ou não?
Esta "coisa" do Google, agora, limita o texto dos comentários que escrevemos, isto é, o mesmo, só pode conter não sei quantos carateres. Se escrevermos mais do que o definido, e por mais que cliquemos, o comentário não saí dali. Ora esta! E eu que gosto de escrever até que os dedos me doam. A fadista, Maria da Fé, canta um fado, cujo título é: "Cantarei até que a voz me doa", e eu não gosto de imposições estúpidas (o pessoal já escreve tão pouco, e a continuar, assim, nem conseguem redigir um curriculum vitae), embora ache que é necessário pôr "ordem à mesa".
Volto já! Não sei se o comentário passa ou não, no Google, claro.
Beijinhos.
Passou! Eureka, já dizia Arquimedes.
ResponderEliminarDepois daquela minha longa introdução/conversa, que achei necessária, passo então à análise, e comentário, propriamente dito, do seu poema, ou prosa poética.
Passou tanta "coisa", tanto elemento, tanta gente, e não se conseguiu encontrar. Eu, talvez, "saiba" o motivo: a Cristina é digna de outro tipo de "ingredientes", de atmosfera, de mundo. Acredito, piamente.
A janela da sua sala deve ser ampla, fantástica e franca, não? Falo da sua sala poética, que aqueles que escrevem, geralmente, todos têm.
E tanta oração fez (aqui, acho que foi genial na escola das personagens, dos sujeitos dos versos), porque as fadas e as magias fazem parte do nosso mundo da escrita e não só. SOMOS TÃO "INGÉNUAS"!
Concluindo, este seu magistral poema, dá a entender que o seu eu-lírico andou à procura da alegria, da felicidade, e nunca as encontrou, por feitiço ou por magia, ou seria bruxaria?
Ai, o outono (já tínhamos confessado uma à outra, que detestávamos o cinzento, em coisas e pessoas) que chegou, e com ele os sonhos, as excitações, as vontades e as aspirações deixaram de ser verdes, para se acastanharem, reduzindo-nos a folhas caídas no chão, que são apenas estorvo e natureza morta.
MORRA O DANTAS! MORRA O OUTONO E MUITO MAIS O INVERNO DAS NOSSAS VIDAS!
Quero que tenha dias felizes, muito felizes, embora o frio e a paisagem, não o permitam, na totalidade.
Beijinhos, e não me faça, por favor, o que eu lhe fiz.
Bem, mais uma vez, me esqueci de falar da imagem, que escolheu para encimar o seu texto, que está, em perfeita sintonia com o que escreveu.
ResponderEliminarOra, é uma mulher pensativa, atónita e distante, e de cabelos em pé. Olhando-a, melhor, parece-me membro de uma tribo, com uma cultura própria e com imensa elevação mística.
Gosto do estilo, do "looking", pois!
Beijos.
... e eu aqui à tua espera romã
ResponderEliminarEncontros e desencontros de quem se tenta encontrar...
ResponderEliminarAdorei, simplesmente lindo
bj
anacosta
Cristinamiga (*)
ResponderEliminarAdoro escrever - prosa; adoro ler - prosa e poesia, tudo, os maus mando-os para a cesta secção! Esta é uma nota prévia a que acrescento que se fores até à minha Travessa descobrirás quem eu sou e porque comento assim: és uma POETISA A SÉRIO; corrijo; és uma GRANDE POETISA. Ou apenas uma POETISA. .
Este poema é uma maravilha; ainda não li os que o antecedem, mas este é, como diz o Jô Soares, um espantoooooo. O encadeamento das palavras, as belezas das estrofes encheram-me as medidas e esgotaram-me os adjectivos.
Não hesito em transcrever, para uma outra vez me deleitar:
Passaram onze marés
sete sóis e nove ventos,
três estrelas cadentes,
-e dez mulheres grávidas em fim de tempo-
Da janela da sala contei:
cinco velhos sem bengala,
oito pretos, sete brancos, três chineses,
ouvi uma voz que me chamava.
-e eu não me encontrei-
Vou já colocar-te nos meus BLOGUES MAIS FIXES E já me inscrevi como teu seguidor. Obviamente, naturalmente, obrigatoriamente.
Qjs = queijinhos = beijinhos (até rimam...)
(*) Trato sempre assim aquelas/es que são objecto da minha amizade; por exemplo, Mariamiga
Boa noite, Cristina!
ResponderEliminarA turbulência à nossa volta e a voragem do tempo deixam-nos desnorteados. Como foi que tudo isto aconteceu? Porque estamos aqui e agora? O teu excelente poema leva-me pelos caminhos de uma eterna procura. Li-o várias vezes porque gostei.
Beijinho, querida amiga.
Querida Cristina,
ResponderEliminarLinda poesia!
Mostra a doçura e o encantamento, creio ser característico da alma feminina.
Buscamos, esperamos a magia da vida!
Seja muito feliz!
Beijos!
por vezes andamos, sempre a tentar encontrar-nos....
ResponderEliminarum poema que é um desassossego....
:)