Sim,
permaneço sentada no cais.
Numa espera tão inútil,
como o tempo que se gasta
a conjugar os verbos no futuro.
Vejo-me nua.
Despida de preconceitos,
de esperanças mal medidas,
de alcunhas inventadas,
de vestes,
de poderes,
de tudo o que me deram
sem eu tivesse pedido
e muito menos possuído.
Olho em redor,
no cais,
nesta espera infindável,
e tomo consciência
de que nunca saíra dali.
Inquieta,
sinto o sabor dos verbos
a conjugarem-se em catadupa
em todos os pretéritos.
Mais uma vez, e desta,
mais categórica que nunca,
recuso a inutilidade desta espera
que me arrefece o corpo,
enquanto a vida se esvai pelos poros.
E subtilmente inspiro a ultima réstia de luz,
naquele lugar onde ainda é possível
adiar a morte.
Sentada no cais.
(eu)
Imagem- Olga Domanova
Querida Cristina,
ResponderEliminarLinda poesia! Espera,.. quem sabe esperança de retorno...
Tenha uma linda semana!
Beijos!
Algumas esperas neste barco-vida e paradoxalmente um movimento
ResponderEliminarinquieto de recusa, se faz também necessário...
Profundamente belo!!
Beijo, Cristina.
Não tem sensação mais cruel que esperar algo ansiosamente enquanto a vida passa, diante de nós...
ResponderEliminarMais um belo poema amiga. Um beijo.
Há folhas persistentes que resistem
ResponderEliminarapesar do Outono
Cristina,
ResponderEliminarSinto sempre, quando a leio, uma incrível energia plena de vontade de entender, de viver...
(O cais, para além das esperas, também é local de partidas)
Beijo :)
Boa noite Cristina!
ResponderEliminarHá quem desespere de tanto esperar...há quem nunca se canse de acreditar que será bem sucedida ...na espera...
O cais pode ser agreste, lugar de ventos e marés que nos afastam do ente querido, mas também é o local da chegada...do reencontro tão desejado...
Um belo poema, sem dúvida.
Abraços.
Minha querida
ResponderEliminarHá esperas que são ausências que se prolongam no tempo que teima em passar. Como sempre faltam-me as palavras para comentar algo tão belo e sentido.
Um beijinho com carinho
Sonhadora