Era a Coly , a Cely, a Taim e a Tirol.
Éramos as melhores amigas,
e em comum tínhamos gostar do sol.
Num mundo interior , só meu,
brincávamos com a terra, as ervas secas
e as pedrinhas polidas ao sabor da erosão.
Todos os dias percorríamos juntas,
o caminho da solidão.
Eu, numa condição física superior,
sentava-me a olhá-las do alto,
como um Deus
a olhar pelo seu povo romeiro,
e encaminhava-as docemente
para que não se desviassem do carreiro.
Primeiro aparecia a Coly, mais corpulenta
e aparentemente mais forte.
Admirava-a pelo seu porte, pela sua altivez.
A Cely, a mais fraquinha, rendia-se à pequenez do corpo,
mas fazendo jus à eusocialidade da sua espécie,
com vaidade fingia sempre
empurrar as que caminhavam à sua frente.
Um dia, a vida afastou-me do meu quintal.
Deixei marcado o local dos nossos encontros,
mas sem querer perdi-me no asfalto...
No entanto, por vezes ainda viajo
pelos labirintos da calçada
e no meio do nada, procuro em vão estas amigas
numa necessidade urgente,
de um encontro complacente com a minha essência.
Há quem diga e afirme em abono da ciência
ser verdade,
que o peso delas na terra, supera o peso
da humanidade...
Assim são algumas memórias...que comportam
o insustentável peso da insuficiência humana.
Imagem: Anna Wypych
Teus versos profundos me fizeram viajar em algumas de minhas distantes lembranças. Gostei muito. Bjusss
ResponderEliminarA cumplicidade é um belo caminho que fazemos de mãos dadas com os outros,
ResponderEliminarcom a vida e principalmente com a nossa essência (conosco).
Devemos evitar de perder o nosso quintal, onde a nossa essência brinca e permanece...
Sabes, Cristina, cada vez mais adoro as preciosidades do teu universo poético...
Ler-te são momentos especiais para mim!
Beijinho.
Podemos afastar-nos do nosso espaço, perder-nos no asfalto, afundarmo-nos nas águas dos maiores desenganos. As memórias e lembranças se encarregarão de nos devolver a calma e a bonança da infância perpétua... Beijinhos, minha Amiga e Poetisa de eleição!!!
ResponderEliminarMinha querida Cristina
ResponderEliminarBelas lembranças que perduram no tempo, embora por vezes a vida afaste as pessoas, mas a amizade fica sempre.
adorei como sempre.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Olá,
ResponderEliminarMais que queiramos desligar do passado não conseguimos, recordações quando são boas ou más, ficam gravadas para sempre.
ag
Alguém se perdeu ou alguém nos perdeu.
ResponderEliminarOs caminhos são mesmo labirínticos, amiga.
Eu gosto muito do caminho poético que trilhas.
Beijo.
Belas memórias, muito bem ditas.
ResponderEliminarGostei, porque fizeste um excelente poema.
Cristina, tem um bom domingo.
Beijo.