segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Rendição



Hoje, os dias parecem-me mais longos
sempre que estendo os braços
numa tentativa de alcançar o sol
em inexorável abraço - que a vida me permite -,
sem que necessário seja pedir-lhe licença.

Hoje talvez, até, eu possa dizer-te
que não existem medos a atormentarem-me
e que todas as palavras que escrevo 
me sabem a bagas doces e maduras
colhidas numa manhã de verão.

Quem sabe,
talvez eu sinta poder habitar o inabitável
e soletrar o indizível. (Talvez.)

Sobre ti, os meus olhos caminham - paisagem minha -
onde o meu olhar se alonga.
Pele onde estendo beijos doces, quando a língua me sabe a mel
e abafo suspiros. (Sempre que suspiro.)

Digo-te ainda:

Queria contar-te mais sobre a demanda dos dias,
azuis. E as pétalas caíam-nos dos braços, 
e tu sorrias, para que eu entendesse 
que o infinito se alonga nos céus 
e que o chão nada mais é 
que o espaço onde caminhamos. (Juntos.)

Sempre (juntos).


(eu)


Foto- Alfred Cheney Johnston

12 comentários:

  1. que não existem medos a atormentarem-me
    ------
    O MEDO,... algo inerente a todos os seres vivos.
    --------
    Felicidades
    Manuel

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  2. Olá, querida Cristina!

    Como esta? Revigoradíssima, como quando vimos de férias, onde não há relógio, nem tempo. É boa, excelente, essa liberdade dos sentidos, esse desarrumar dos dias, essas cedências interiores e exteriores. Estamos e damo-nos, sem timings. Somos outros/as.

    Obrigada pelas suas palavras nos meus dois blogues. Penso voltar a publicar, no início de setembro. O poema está em "construção", é muito longo, mas a história até tem um certo interesse, acho eu.

    Embora o seu poema revele aquelas contradições de espírito, próprias dos poetas, ele abre-se entre o céu e a terra, mais propriamente, no chão, onde as suas ideias de deitam , proliferam, têm e dão prazer e se reproduzem.

    "RENDIÇÃO" a minha, em relação àquilo que escreve. É tudo subterfúgio, metáfora, ilusionismo, sei lá! Onde vai buscar, tirar da "cartola literária" tanta pomba, tantas ideias brancas, lúcidas e cristalinas?

    Não sabe responder-me, pois não? Calculei.

    É UM DOM. NÃO SE COMPRA.

    Resto de boa semana.

    Beijinho da Luz, com apreço.

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  3. Olá,
    Sem medos, sem receios, significa o direito ao pensamento, o direito à liberdade.

    Fique bem.

    ag

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  4. O medo nos impedi de sermos felizes. Maravilhoso poema querida. Um bj

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  5. Querida Cristina!

    Lindo demais! Encantadora "Rendição"!
    Beijos!

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  6. Sua poesia é maravilhosa.Não me canso de ler.


    Beijinho.

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  7. A tua bela e profunda poesia sempre

    habita um espaço rico de sentires...

    Um caminhar nos dias azuis da poetisa,a nos encantar!

    Beijinhos,querida Cristina.

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  8. Porque a eternidade vai para além,
    Deste chão, muito mais do que a palavra.

    Sem dúvida, belo

    Beijinho

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  9. Lindo e otimista.

    Uma visão que nos clareia a alma.

    bjos

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  10. Que dizer?
    Maravilhoso, Cristina!

    Beijo :)

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  11. Muito, muito belo. Adorei.

    Destaco "Sobre ti, os meus olhos caminham - paisagem minha -"

    Perfeito!

    Beijo agradecido :)

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