Talvez sejam poemas
que me crescem nas mãos.
inócuos sentires
de memórias insignificantes.
Talvez até
eu nem saiba explicar
porque razão o sonho
me irrompe dos dedos
utópicos, acelerados
um pouco até febris.
Agigantam-se no delírio
de pequenas silabas
que se soltam das palavras
involuntariamente
presas na garganta.
São nós
que se desatam da alma
deixando em liberdade
pequenos pedaços
que colhi do céu.
Vislumbres de um infinito
talvez também ele
imaginado por mim.
Hoje queria falar da dor!
Desta dor que sinto
a rasgar-me a pele
aos olhos
da dor daquele que estende a mão
da dor da fome da angustia
da solidão.
Da dor do pobre!
Do que dorme numa esteira de cartão
do que suplica sem ser ouvido
na ilusão de que algum transeunte
o sinta como irmão.
Não!
Não vale a pena falar do pobre
do fraco do imerecido.
Para ele não há perdão,
nem compaixão.
Esse verdadeiro pobre
que se permite consentir
vivências humanas
em semelhante condição.
Falo da dor do humilde, do resgatado,
do forte!
Daquele que na razão inversa do ter
e do poder
é grande no coração.
(eu)
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