quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Há Dias, muitos Dias, em que as Palavras te Pertencem





Pudesse eu, meu amado,
dar vida ao sonho 
que me abrasa a alma.

Pudesse eu, meu amado,
rasgar o véu 
que te impede ver a cor 
do meu olhar.

Mas a minha glória é essa!

Olhar-te com o meu olhar lasso,
sentir-te  no rosto o embaraço,
por veres a força
do meu amor.

Vim ao mundo desbravar
florestas,
plantar flores nos desertos,
limpar caminhos lamacentos
e desdizer sábios e deuses.

Tu sabes, meu amado!

Plantei sonhos, plantei desejos,
acariciei corações, lambi feridas,
soltei olhares e soltei beijos.

Compreendi a bravura dos mares
abracei as marés e mudei os ventos
afastei de mim todos os lamentos
e lavei-me em lágrimas de saudades.

Com a cor do sangue, pintei a vida
e imaginei esverdeadas as minhas íris.

Sonhei-te, meu amado!

E no sonho havia uma força
prenhe de vida
a abrasar-me a carne....

Assim será sempre, meu amado!

Inviolável 
esta luz de esperança
que me atravessa o corpo
até ao outro lado. 

Onde o poema será 
inevitavelmente
o dia da minha morte.

(eu)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Há Memórias que não se Gastam



Houve um dia 
em que uma voz 
me prometeu o teu olhar, 
o teu amor, o teu desejo.

Na boca senti o sabor 
do teu beijo
e guardei na memória
todas as palavras que me disseste,
todas as promessas que me fizeste.

Nenhuma palavra se perdeu
nenhuma promessa se esqueceu.

O tempo consolidou o sentimento
e ainda hoje 
guardo as juras adormecidas
no cofre
do pensamento.

E no presente,
nada se perdeu do passado.


(eu)

domingo, 25 de novembro de 2012

Palavras Cegas



Fosse esse olhar
a luz que me cega
tal como o beijo
o murmúrio silencioso
dos meus versos.

E os pássaros cantam 
ao sabor dos ventos
em ruído de fundo 
melodias
embriagadas 
pelas palavras
que nunca 
me disseste.

(eu)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O Sonho das Rosas




O pensamento arrasta-se
e afasta-se da memória
como se proibido fosse
continuar o sonho

Ouço um ruído de fundo
que se assemelha 
à turbulência 
de uma tempestade 
em alto mar.

As mesmas vozes,
os mesmos silêncios,
os mesmos olhares,
os mesmos pedaços de mim
que vislumbro 
pregados numa outra dimensão.

Entre a névoa descubro
as tuas mãos
a ampararem-me o poiso

Ainda em desequilibrio
sinto o toque da tua pele
e a brisa dessa respiração lenta
capaz de me fazer renascer 
no infinito
em pássaro parido sem rumo.

Atenta ao sibilar das outras aves
ainda consigo entrever um céu distante
murmurando em cada vaga gigantesca:

no mar também nascem flores!


(eu)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

NÃO!


Não consinto
que me tolham o olhar
desmentindo a luz das estrelas
nem sequer o sonho idealizado
na utopia do Poema
...
Não consinto
que me privem da liberdade
de voar sobre o céu do pensamento
nem tampouco me indiquem
de que lado sopra o vento.

Não consinto
o acender das tochas
para afirmar a luz do mundo
num caminho longo de trevas
onde urge um silêncio profundo

Por isso digo não
esta palavra que me liberta
na palinódia da Poesia
sempre que num grito de solidão
há uma voz que me indica
um caminho sem opção.

(eu)

sábado, 17 de novembro de 2012

Dualidades




Fixam-se letras 
à intimidade da minha pele
e em voo
pleno, indescritível,
à imagem das águas 
de um rio
faço das minhas memórias
esta viagem em que renasço
no sabor intenso
dos silêncios que não consigo calar.

Parte de mim naufraga 
no beijo que se queria céu
a outra parte emerge
do mar que me fez mulher.

(eu)

quinta-feira, 15 de novembro de 2012


AMOR DE MÃE

Quanto amor,quanta dor,quanto suor
nas veias latejantes da MULHER-MÃE...

No esplendor das manhãs,
ela está presente
em cada célula viva que desponta
na madrugada dos afectos.

No olhar tranquilo,
traz a resposta para todas as perguntas
e a arte de lidar com as angústias.

Nos lábios generosos,
o beijo e a promessa.

Ela está presente à hora do calor do meio dia
com ofertas de frescura e frutos sumarentos
do pomar da vida.

Mas é à hora a que as nuvens passam,
que ela responde com garras de leão
que revolve no corpo
e forças sobrenaturais que esconde na alma,
onde o pulsar das veias latejantes
não é apenas imagem de poetas.

Com o meu carinho,


Aurora Simões de Matos

Parabéns Filhotas


Há 22 anos, era também quinta feira. O dia amanheceu para mim raiado de Sol. Recebi a Benção de ser mãe, pela terceira e quarta vez. Eram 8h45m e 8h48m.

Parabéns minha filha Teresa *
Parabéns minha filha Beatriz *


Na Clínica de São Gabriel, em Lisboa, há 22 anos. <3 <3


terça-feira, 13 de novembro de 2012

Palavras que Morrem



Perdi-me das rimas
no metaplasmo da língua
e na universalidade dos sentidos
crescem-me palavras
sem boca para as dizer.

Sofregamente 
abraço a vida que me sobra
dos anos em que intensamente
tenho beijado a tua pele.

Enrosco-me no casulo
na alomorfia do meu corpo 
Contorcendo-me na dor 
com que sinto o suicídio das palavras
enroscadas na garganta
e que a exaustão consumiu
transformando-as em silêncios.

Ainda não sei dizer porque razão
as palavras se suicidam
no tumulto do pensamento.
nem sequer se é no desalento
que (re)nascem sem pudor.

Perdi-me das rimas
no metaplasmo da língua.
quando apenas queria saber
[e diga-me se alguém souber]
a origem da palavra "amor".

(eu)

Em Prece




Há uma força 
que invade todos os silêncios
adormecidos
com o láudano da vida.

Sobra a boca 
de onde sai o grito
impossível de silenciar
mesmo nas horas mortas
em que as marés se acalmam
e recuam no desvario dos mares.

É então 
que os corpos meio dormentes
no misterioso silêncio
se libertam das amarras 
e como amantes, debruçam-se
nas vagas crispadas
até perceberem 
que afinal 
foi no absinto da existência
que no céu 
foram ouvidas as suas preces.

Então pergunto:

para quê o sangue escarpado?
para quê o vómito ensanguentado?

Se nem todas as virgens sobem aos céus
e nem todos os homens crêem em Deus.

(eu)

sábado, 10 de novembro de 2012

Disparidades



Talvez sejam poemas 
que me crescem nas mãos.
inócuos sentires
de memórias insignificantes.

Talvez até 
eu nem saiba explicar
porque razão o sonho 
me irrompe dos dedos
utópicos, acelerados
um pouco até febris.

Agigantam-se no delírio 
de pequenas silabas 
que se soltam das palavras 
involuntariamente
presas na garganta. 

São nós 
que se desatam da alma
deixando em liberdade 
pequenos pedaços 
que colhi do céu.
Vislumbres de um infinito
talvez também ele 
imaginado por mim.

Hoje queria falar da dor!

Desta dor que sinto 
a rasgar-me a pele
aos olhos
da dor daquele que estende a mão
da dor da fome da angustia 
da solidão.

Da dor do pobre!

Do que dorme numa esteira de cartão
do que suplica sem ser ouvido
na ilusão de que algum transeunte
o sinta como irmão.

Não! 
Não vale a pena falar do pobre
do fraco do imerecido.
Para ele não há perdão, 
nem compaixão. 
Esse verdadeiro pobre
que se permite consentir
vivências humanas 
em semelhante condição.

Falo da dor do humilde, do resgatado,
do forte!
Daquele que na razão inversa do ter
e do poder
é grande no coração.


(eu)

Pensamentos Geométricos



Diz-me: 
Porque insistes em fazer-me crer 
que a terra é redonda?
A mim, pouco importa saber a forma da terra,
ou o perimetro da circunferência. 
Eu vivo numa tangente hiperbólica 
perpendicular ao eixo.
De um lado, a bola maciça, 
do outro, o infinito abstracto.

Já te disse, 
que nada mais me interessa.
Nem a forma nem a substância.
Nem sequer a existência de outros astros.

Deixa-me estar neste meu espaço euclidiano.
Em que tudo é multidimensional.

Por favor não me digas que eu não te disse nada.
Porque não me esqueci de te dizer...

(eu)

sexta-feira, 9 de novembro de 2012





ARABÉNS,PARABÉNS,PARABÉNS!!! 
Mil beijinhos,neste Poema ,prenda minha:


Nada se confunde com as palavras que saíram 
da tua boca.Nada terá tanto peso como um
simples cabelo que caia de ti.Há sempre quem
desperte para apanhar o que deixaste pelo caminho.
Mesmo que a sombra do arvoredo se torne
menos densa,nela habita ainda o rumor da
folhagem que acompanha o sussurro de cada
confidência deixada ao entardecer de um dia
maior.Aos ouvidos de quem passa,ficará para
sempre o timbre da tua voz a murmurar segredos.

Aurora Simões de Matos
(que lhe deseja um dia lindo,(Cristina Cebola)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Inconsistências





O pensamento arrasta-me
para o nada.
Onde o nada toma a forma de tudo.
Ele é espaço, ele é essência,
ele é Ser, ele é devir.
Numa infinidade ilimitada e perpétua
que constantemente se expande,
sem espaço sem tempo sem distância
nem tampouco substância. 
No paradoxo constante
da inconsistência mutante 
de toda a existência.
Em que todos os fenómenos se repetem,
sem que o mesmo fenómeno se repita
e, em que o autoconhecimento 
é a única razão de existirmos, 
em qualquer plano concebível
do universo existente
em constante expansão,
penso no que fui
e no desejo de me tornar quem sou!

[Enunciando assim a lei do mundo]


(eu)