Assim eu fosse:
A sombra que desliza
no reflexo da tua memória
como filha ilegítima
consagrada ao verbo inacabado.
Sílabas que desapareceram
por não merecerem viver.
A póstuma voz
que quebra os silêncios...
o odor dos inocentes,
o espólio dos pecadores
a ser anunciado
em breves felicidades...
Nada em mim se compadece
desses rendilhados de veias amotinadas
no coração das aves...
Sou crente na imortalidade da alma
e no rio que me propicia o gesto.
Assim eu fosse:
Todo este mar que me galga
ou simplesmente nada...
(eu)
Fotografia- Jaroslav Monchak